É
sem dúvida alguma importante utilizar a última temporada no futebol de formação
para capitalizar os minutos de competição e a evolução dentro de campo. É
precisamente isso que está a fazer Henrique Graça, de 18 anos, na II Divisão do
Nacional de Juniores, um patamar que tem revelado vários talentos para diversos
emblemas a alinhar em competições nacionais seniores, como a Primeira e Segunda
Ligas e particularmente o Campeonato de Portugal.
Esta
é a primeira temporada do atleta ao serviço do Linda-a-Velha, uma vez que se
encontrava ao serviço do Oriental na época passada, tendo assim tido a
possibilidade de representar um dos seus clubes do coração disputando a Divisão
de Honra da AF Lisboa, embora sem conseguir a tão desejada subida para a II
Divisão Nacional, curiosamente conseguida precisamente pelo Linda-a-Velha, que
agora representa, ainda que o seu objetivo tivesse passado por ficar no
Oriental.
A
continuidade de Henrique Graça em Marvila apenas não sucedeu pelo facto de a
Direção do clube ter afastado o treinador e, no seu entender, a sua equipa se ter
desmoronado pois, recorda o atleta, “saiu 90% da equipa”, o que precipitou a
sua saída e a chegada de “alguns convites interessantes” antes de a sua escolha
residir no Linda-a-Velha devido ao facto de o seu atual treinador já o ter
orientado no Belenenses, pelo que já se conheciam bastante bem.
Essa
foi uma vantagem argumentada pelo próprio técnico para conseguir convencer o
jovem jogador da qualidade do seu projeto. Fora dos relvados, Henrique Graça já
concluiu o Ensino Secundário, tendo optado por deixar a escola e passar a jogar
e a trabalhar em simultâneo, acreditando no seu potencial e no possível rumo da
sua carreira, que teve início no Odivelas.
Logo
depois, foi chamado para jogar no Sporting, o clube da sua preferência e que,
por isso, desde logo reuniu a sua concordância. Ao serviço dos leões, Henrique
esteve pouco mais de um ano antes de ser dispensado e seguir para o Belenenses,
clube para o qual se dirigiu logo no dia seguinte ao da sua dispensa do Sporting
e onde de imediato foi chamado a assinar contrato numa passagem que teve seis
anos de duração e que durou até chegar aos Iniciados A.
Jovem jogador tem evoluído em vários dos
melhores clubes da região de Lisboa
Nessa
equipa, o promissor futebolista pontificava como capitão, cativando algumas
atenções que o levaram a sair, tendo chegado em idade juvenil ao Casa Pia,
aproveitando também uma situação difícil que encontrou no seu treinador no
Restelo, que na altura o encostou e o forçou a procurar outro rumo, que estaria
reservado para Pina Manique, devido a um treinador que o tinha visto jogar e
gostou particularmente das suas capacidades, Luís Barnabé.
Conhecedor
e acima de tudo apreciador das suas qualidades, este técnico recrutou Henrique
enquanto Juvenil B e, a partir de Janeiro, passou a utilizá-lo no escalão
acima, na equipa que então orientava.
“No
futebol, quando tens um treinador que gosta de ti, tens tudo! Por muita
qualidade que tenhas, se tiveres um mister que não vai com a tua cara, é muito
difícil mesmo”, assegura o próprio atleta, que passou a representar os gansos
durante dois anos, até o clube ter dado início a uma parceria com o Benfica que
levou à entrada muitos jogadores ligados aos encarnados e que ainda hoje se
mantém.
Nessa
altura, um dos diretores do Casa Pia falou com o polivalente atleta capaz de atuar
como extremo por ambas as alas, organizador de jogo ou segundo avançado para
assinar e assim manter-se no clube… o que não haveria de acontecer. Isto porque
Henrique estava ciente de que “ia ser um ano complicado por causa da parceria
com o Benfica, e não sou parvo. Sabia que os craques do Benfica me iriam roubar
o espaço completamente”, visto serem cedidos com a perspetiva de jogar.
Assim,
o jovem preferiu sair, uma decisão de que não se arrepende, “visto que os meus
colegas que optaram por ficar acabaram por sair a meio da época.” A próxima
etapa estava marcada para Marvila. No entanto, antes de ingressar no Oriental,
o jovem cumpriu toda a pré-época pelo Vitória de Setúbal, emblema pelo qual
chegou mesmo a assinar, até que, ainda antes da época se iniciar, o técnico lhe
comunicou que não contava com os seus préstimos.
Henrique deixou na época passada o
Oriental, onde se sentiu “feliz como nunca”
Essa
será a fase que Henrique recorda como “talvez o momento mais difícil da minha
vida,“ desiludido pelo facto de ter sido convidado por um diretor sem
consentimento do treinador, que por seu turno não quis incluí-lo nas escolhas
que passavam pelos jogadores que já conhecia, uma situação acatada pelo jovem
criativo, em choque com tão forte revés.
Com
efeito, Henrique Graça reconhece que “assinar por um clube, dar tudo durante
dois meses, acordar por volta das 6h para apanhar o comboio para Setúbal,
porque tínhamos treino de manhã e à tarde (bi-diários), chegar a casa tarde e
todo ‘roto’ e depois, quando se chega perto da primeira jornada, o treinador
dizer-me que não conta comigo a 100% e que seria bom emprestar-me um ano ao Pinhalnovense
é muito frustrante.”
Por
isso, o atleta optou por não ir para Pinhal Novo, pois “não fazia sentido ir
para tão longe se não fosse para um clube de topo e fui para o meu Oriental“,
como faz questão de frisar, “onde me senti feliz como nunca durante essa
época”, tendo saído com um convite em mãos de um período experimental no Oeiras,
que recusou liminarmente.
’Escaldado’
com a má experiência que tinha vivido em situação semelhante em Setúbal, isso
fez com que tivesse dado preferência ao Linda-a-Velha, onde se encontra ligado
até final da época sem acordo contratual de qualquer tipo e a sua influência
deverá levar a que o clube procure mantê-lo na sua equipa sénior.
Ainda
assim, o seu desejo passa por enveredar “por outros projetos fora de Lisboa, ou
até de Portugal, é disso que estou a tratar“. Para já, a missão passa por
evoluir e isso está de facto a ser conseguido, com catorze jogos e cinco golos
apontados até ao momento.