Terminada a edição 2014/15 da FA Youth Cup (Taça de
Inglaterra Sub-18; vitória do Chelsea FC), aproveitamos para recordar uma das
equipas com maior número de jogadores de sucesso a nível profissional: o
Southampton de Theo Walcott, finalista vencido em 2004/05.
O clube do sul de Inglaterra, sobejamente conhecido pela
qualidade na formação, apresentava nesse conjunto três atletas que viriam a
tornar-se em referências indiscutíveis da história da academia. Theo Walcott,
então com 16 anos, foi titular nos jogos da final, demonstrando desde logo um
potencial acima da média. Na temporada seguinte, tornou-se no mais jovem de
sempre a atuar pela primeira equipa e no fim da mesma reforçou o Arsenal por
aproximadamente dez milhões de euros. Pouco depois da transferência, passou a
ser também o internacional A inglês mais novo de sempre.
Na ficha de jogo, mas inicialmente no banco de suplentes,
estava um jovem galês, também nascido em 1989, chamado Gareth Bale. A ascensão
que se verificou nos anos seguintes foi, portanto, uma completa surpresa. Após
uma excelente época de 2006/07 (segundo mais novo de sempre no clube), assinou
pelo Tottenham, de onde esteve quase a ser dispensado, e daí deu o salto para o
Real Madrid, naquela que foi a transferência mais cara da história do futebol.
Mais velho do que os dois anteriores, mas nem por isso
titular no conjunto, Adam Lallana chegou um ano depois à equipa A do
Southampton, numa altura em que Walcott já havia partido. Contudo, apenas em
2008/09 o médio se tornou habitual no "onze", contribuindo para a
memorável caminhada até à Premier League. No último Verão, muito cobiçado no
Reino Unido, transferiu-se para o Liverpool por mais do dobro de Walcott e
Bale... juntos. Saiba o que aconteceu aos restantes elementos:
Andrew McNeil: um ano após a final, saiu do Southampton sem
se ter estreado pela primeira equipa, regressando à sua Escócia natal, para
representar o Hibernian. Depois de muitas experiências, fixou-se no Airdrieonians,
do terceiro escalão;
Craig Richards: em 2006, sem oportunidades na equipa A,
rumou ao futebol australiano, onde hoje representa o Dandenong Thunder, das
divisões secundárias;
Sebastian Wallis-Taylor: concluída a FA Youth Cup, recebeu
ordem de dispensa, iniciando então uma caminhada no futebol amador. Ao que
parece, joga atualmente em França, seu país de origem;
Sean Rudd: também não conseguiu a transição para o plantel
principal e abandonou Southampton. Ainda tentou em alguns clubes, como o Oxford
United, mas as lesões obrigaram-no a abandonar o futebol;
Martin Cranie: entre alguns empréstimos de curta duração,
somou dezasseis encontros com a primeira equipa, mas em 2007 rumou ao rival
Portsmouth, onde também não teve sucesso. Há dois anos, juntou-se ao Barnsley e
desde então atua no Championship inglês;
Lloyd James: conseguiu duas temporadas de bom nível (em
termos estatísticos), mas acabou por rescindir com o Southampton. Hoje, é
jogador do Leyton Orient, da segunda divisão;
Tim Sparv: internacional finlandês, rumou, volvido um ano,
ao futebol escandinavo. Atuou na Holanda e na Alemanha e em 2014
assinou com o Midtjylland, da Dinamarca;
Nathan Dyer: ficou para o fim, mas poderia perfeitamente
estar no início do artigo. Em 2009, depois de quase sessenta jogos na equipa A,
assinou pelo Swansea, sendo hoje peça-chave na equipa da Premier League;
Leon Best: jogou algumas vezes com os mais crescidos, mas
perdeu-se em empréstimos, estando hoje, com 28 anos, cedido pelo Blackburn ao
Brighton;
David McGoldrick: superou os sessenta jogos com o plantel
principal e em 2009 assinou pelo Nottingham Forest. Atualmente, ironia das
ironias, é habitual na equipa do Ipswich Town;
Kyle Critchell: nunca jogou pela primeira equipa, nem
conseguiu afirmar-se noutras paragens, tendo regressado ao modesto Weymouth,
onde deu os primeiros passos no futebol;
Feliciano Condesso: o português do conjunto. Foi contratado
ao Vitória de Setúbal por mais de cinquenta mil euros, mas um ano após o
encontro com o Ipswich mudou-se para a equipa B do Villarreal. Embora tenha
marcado presença no Mundial Sub-20 de 2007, não se conseguiu afirmar em nenhuma
equipa e a sua carreira entrou numa espiral descente. Atualmente, é jogador do
União de Montemor, do CNS.
Uma equipa que sem dúvida constitui um fantástico exemplo
de sucesso, tendo lançado três jogadores de classe mundial. Houvesse em mais sítios
a mentalidade que há em Southampton e certamente que não seria caso raro. Por
outro lado, o Ipswich Town, vencedor dessa FA Youth Cup, não teve um único
jogador de Premier League.
Tanto para aprender com um mero jogo do escalão sub-18.