Sangue hispano-argentino, coração português. Nicolás Ruscio Garmendia é, desde o Verão, jogador dos italianos da Udinese, que o descobriram no Imortal DC. Antes disso, havia envergado a camisola do Sporting CP durante quatro temporadas. A convite do Jovens Promessas, aceitou contar um pouco da sua história. Confira.
Apesar
da ascendência argentina, deu os primeiros passos no futebol ao
serviço do Sporting CP. Como veio parar a Portugal?
Eu
nasci em Portugal. Embora tenha nacionalidade espanhola e argentina,
toda a minha formação foi feita em Portugal.
No final da temporada 2011/12, após vários anos de leão ao peito, a sua ligação ao clube terminou. Foi uma decisão dos responsáveis pela Academia? Que impacto tem na vida de um jovem a saída da formação de um grande?
Foi
uma decisão das duas partes. Os interesses do Sporting e os meus não
coincidiam. A saída do clube foi bastante difícil para mim. Foram
quatro anos nos quais aprendi muito, e naquela idade sair de um clube
grande não é fácil.
Em
seguida, assinou pelos algarvios do Imortal DC. Verificou a
existência de um fosso enorme entre a qualidade das duas formações?
Em que aspetos se diferencia o clube de Alvalade dos demais?
É
evidente que se nota diferença entre um clube como o Sporting e
outro como o Imortal DC, mas naquela altura o Imortal tinha jogadores
com muita qualidade, o que nos permitiu chegar à 2ª fase do
Campeonato Nacional. A maneira como o Sporting trabalha é muito
séria, organizada e constante. Essa, para mim, é uma das grande
diferenças em relação aos outros clubes.
Após
duas épocas no sul do país, acabou por dar o salto para a
Udinese. Como surgiu a oportunidade e de que forma se desenrolou todo
o processo?
Antes
da Udinese, também já tinha treinado em outros clubes estrangeiros.
Primeiro, fiz algumas semanas de treinos em Udine. Depois participei,
pela Udinese, num torneio no qual me destaquei bastante. Ficaram
agradados comigo e entraram em contacto com o meu empresário. Mais
tarde, propuseram-me assinar e aceitei.
Neste
mesmo espaço, Miguel Pinto afirmou que, aquando da sua ida para o
Twente, houve um acordo, entre dirigentes, treinador e atleta,
segundo o qual seria aposta na primeira equipa. João Costa, pelo
contrário, saiu do Palermo pouco depois de nos conceder uma
entrevista. Em que moldes se realizou a sua transferência para a
Udinese? Houve algum tipo de garantia de que teria futuro na equipa
sénior?
A
transferência para a Udinese fez-se com um contrato de três anos,
sendo assim garantida a minha estadia no clube até ao final da minha
formação, com perspetivas também para a equipa sénior.
Certamente,
não será fácil mudar de país com tão tenra idade. Quão difícil
foi a adaptação a Itália?
Foi
um passo muito difícil. Os primeiros meses de adaptação foram
complicados, mas graças ao grande apoio dos meus pais, irmão e
amigos consegui superar os obstáculos. Hoje em dia encontro-me
perfeitamente adaptado.
As
condições de trabalho aqui são espetaculares. Têm cá pessoas
muito experientes a trabalhar. Atrever-me-ia a dizer que a esse nível
é superior ao Sporting.
Como
é o futebol italiano? Relativamente ao português, quais as
principais diferenças que encontrou?
O
futebol italiano é um futebol muito pensado, técnico e bastante
físico. Joga-se muito taticamente e sempre com a bola no chão,
enquanto que o futebol de formação português é bastante mais
lento, tens muito mais tempo para pensar.
De
que modo se define enquanto jogador? Que aspetos do seu jogo
melhoraram com a estadia em Udine?
O
meu jogo baseia-se na técnica e no um contra um. Embora eu não
seja um jogador muito rápido, consigo combater isso com concentração
e determinação dentro do relvado. Na Udinese, melhorei
muito fisicamente. Eles dão grande importância ao físico.
Como
imagina a sua carreira daqui a dez anos?
Gostaria
muito de poder jogar num clube de topo mundial, de preferência, da
Liga Espanhola. Isso para mim é um sonho.