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"Discreto dentro e fora das quatro
linhas, Lindelof, atleta internacional pelas seleções jovens
suecas, está a cumprir a sua terceira temporada de águia ao peito.
Contando já com um elevado número de jogos na Liga de Honra, é um
dos elementos da atual equipa B em quem Jorge Jesus deposita maiores
esperanças, não deixando de ter ainda assim uma árdua tarefa pela
frente, caso almeje a promoção ao plantel principal.
Nascido e criado na cidade de Västerås,
Suécia, fez grande parte da sua formação no Västerås SK, clube
cuja primeira equipa compete atualmente na Terceira Divisão
nacional. Logo em 2010, ainda com idade de juvenil, estreou-se pelos
seniores, facto que, apesar do contexto, não deixa de ser
impressionante.
A
titularidade foi o passo que se seguiu. De atleta dos sub-17 a
elemento indiscutível no "onze" numa questão de meses,
foi surpreendendo cada vez mais pela maturidade exibida no terreno de
jogo, tendo por isso começado a dar nas vistas a um nível regional.
A
notícia não tardou a espalhar-se e em pouco tempo chegou aos
ouvidos do departamento de scouting da Luz. Após várias observações
'in loco', não restaram dúvidas: o clube teria de avançar
rapidamente para a contratação do jovem defesa, para que este não
fosse "desviado" para um outro canto da Europa.
E
assim aconteceu. Em 2011, numa altura em que a temporada 2011/12 não
havia sequer chegado a meio, chegou à imprensa a notícia de que um
acordo com o Västerås SK havia sido alcançado. Os valores
envolvidos na transferência de Lindelof para Portugal (que apenas
ficaria consumada no final da época) não foram revelados, mas ficou
a saber-se que a sua venda constitui a maior da história do modesto
clube sueco.
Chegado
a Lisboa com idade de júnior, beneficiou do regresso das equipas B e
poucos meses foram necessários para que começasse a evoluír na
competitiva Segunda Liga. Numa fase inicial, ainda representou o
escalão de juniores (ao serviço do qual se sagrou campeão
português), mas rapidamente caiu no goto do técnico Luís Norton de
Matos.
Tanto
a lateral direito, como a defesa central, ou até mesmo no
meio-campo, Lindelof foi presença regular no "onze" até
ao final do ano desportivo. Nessa altura, o treinador passou a ser
Hélder Cristóvão, mas nem por isso a sua importância no conjunto
diminuiu. As qualidades foram sendo aperfeiçoadas ao longo dos meses
e a recompensa chegou pela mão de Jorge Jesus.
Foram
apenas dois os encontros em que o sueco representou a equipa
principal, número que ainda assim foi suficiente para que o seu
palmarés fosse ampliado. A primeira oportunidade consistiu num jogo
frente ao Cinfães, para a Taça de Portugal. Lindelof esteve em bom
plano, mas pelos vistos não suficientemente bem para se fixar no
plantel.
Meses
depois, veio a segunda chance. Frente ao FC Porto, em pleno Estádio
do Dragão, tornou a cumprir com o que lhe foi pedido e inscreveu o
seu nome na lista de utilizados na então Liga ZON Sagres. Saldo
global? Duas partidas e dois títulos para o currículo de Victor
Lindelof.
Mais
recentemente, integrou os trabalhos de pré-temporada, onde, chamado
a intervir, demonstrou maior competência que atletas como Sidnei ou
César. Jorge Jesus, esse, parece ter ficado agradado com as suas
prestações no centro da defesa e, não fosse a lesão que o afastou
dos relvados nas primeiras semanas, o seu protagonismo poderia ter
sido bem maior.
Possante
e agressivo, Victor Lindelof é um jogador polivalente –
característica que agrada a Jesus -, ainda que ultimamente se tenha
vindo a fixar como central, bom no desarme e competente na contenção.
Demonstra, para além disso, qualidade nas bolas divididas,
excelentes sentido posicional e leitura de jogo e atributos nas
alturas."