Publicado na AABE:
"Atualmente jogador das equipas B e de
juniores, Romário Baldé perfila-se como uma das maiores esperanças
de todo o futebol encarnado. Há quem lhe augure uma carreira de
sucesso e, atendendo ao que tem vindo a demonstrar, é mais do que
legítimo pensar nesse cenário. Para já, vai evoluindo no Caixa
Futebol Campus, com o claro objetivo de chegar ao plantel principal.
No clube há sete temporadas, o extremo
é, para além de atleta das águias, um adepto desde tenra idade. Os
motivos que o levaram a "converter-se" são curiosos e
Romário explicou-os há uns meses, em declarações à revista
'Mística': "jogava-se o dérbi e o meu pai, benfiquista
ferrenho, conseguiu bilhetes. Eu, na altura com cinco anos, queria ir
com ele, mas a condição era afirmar-me adepto do Benfica. Ao início
disse que sim, porque queria era ver o jogo, mas depois do encontro
nem pensei duas vezes. Fiquei fã do Benfica e em especial do
Mantorras. Acho que foi por causa dele que me quis tornar avançado".
Não obstante, a sua "captura"
por parte dos encarnados não foi tarefa fácil. Romário Baldé era
atleta do histórico Estrela da Amadora e, em 2008, ainda como
infantil de primeiro ano, participou num torneio em Cantanhede, onde
recebeu o troféu de melhor jogador da competição. Observadores dos
três grandes estavam presentes e não demoraram a tomar a decisão
esperada.
"Todos me quiseram levar",
começa por revelar o atacante do Sport Lisboa e Benfica, ainda em
entrevista à revista oficial do clube. "O meu pai dizia-me que
o Porto era longe. No Sporting, eu não tinha gostado de treinar
[alguns
meses antes]. E no Benfica já jogava o Gonçalo Guedes, que era meu
amigo. Senti-me, por isso, tentado. Mas lembro-me que faltava uma
hora para as apresentações dos jogadores, tanto no Benfica como no
Sporting, e eu ainda estava em casa, indeciso e a chorar".
Em
seguida, Romário explicou a opção tomada: "o meu pai deixou a
decisão nas minhas mãos. E foi, por incrível que pareça, a minha
mãe [adepta do Sporting] que me disse para eu optar pelo Benfica,
que era onde iria ganhar mais coisas. E, felizmente, assim fiz".
Já de águia ao peito, Baldé teve, contudo, de esperar até 2013
para conquistar os seus primeiros títulos nacionais.
Jogava-se
a penúltima jornada do Campeonato de Juvenis, quando os pupilos de
Renato Paiva viajaram até ao Olival, casa do FC Porto, necessitando
de um ponto para fazer a festa. Em desvantagem no marcador já perto
do final da partida, a equipa da capital beneficiou de um livre
direto à entrada da área dos dragões. Gonçalo Guedes assumiu a
cobrança e, com um remate fantástico, restabeleceu a igualdade.
O
que se seguiu depois foi, no entanto, do mais lamentável que o
futebol de formação protagonizou nos últimos anos, tendo Romário
sido, pelas piores razões, um dos atletas mais focados pela
imprensa. Logo após o derradeiro apito do árbitro, tiveram início
violentos desacatos entre elementos das duas equipas e o então
internacional sub-17 por Portugal esteve no centro do conflito,
ajudando a transmitir uma péssima imagem dos valores que regem a
entidade lisboeta.
Quase
em simultâneo, sagrou-se também campeão nacional de juniores. A
sua participação na campanha foi escassa, é certo, mas os minutos
em que esteve dentro das quatro linhas bastaram para inscrever o seu
nome na lista de vencedores da prova.
Um
ano volvido, viveu uma das etapas mais infelizes da sua ainda curta
carreira, etapa essa que se iniciou na grande final da UEFA Youth
League, diante do FC Barcelona. Com o encontro ainda no início, mas
já com o marcador favorável aos catalães, Romário Baldé
desperdiçou uma grande penalidade e aumentou os índices
motivacionais do adversário, que viria a vencer por 3-0.
Semanas
depois, viu ainda o Sporting de Braga ultrapassar, já na última
jornada, a sua equipa e sagrar-se campeão nacional, o que no entanto
não impediu o jovem de constar da lista de pré-convocados para o
Europeu de Sub-19, na qual era o único júnior de primeiro ano.
Terminados
os trabalhos de preparação, acabou por ser, a par de Nélson Monte,
do Rio Ave, dispensado pelo selecionador Hélio Sousa. Porém,
regressou ao grupo já com a competição a decorrer, para colmatar a
vaga deixada pelo lesionado Nuno Santos.
Logo
na estreia, marcou o golo da vitória frente à Áustria e,
seguidamente, participou na meia-final contra a Sérvia. Portugal
venceu nos penaltis, mas na grande final Romário acabou por sentir,
uma vez mais, o sabor de uma derrota num desafio deste calibre.
Após
o Europeu, regressou aos treinos da equipa B do Benfica e estreou-se
na Segunda Liga. Hélder Cristóvão concedeu-lhe algumas
oportunidades, mas Baldé não conseguiu exibir o seu melhor nível,
talvez devido ao facto de ter falhado parte da pré-época. Como tal,
regressou ao plantel de juniores.
Fisicamente
evoluída, a jovem águia tem uma capacidade de explosão muito acima
da média e revela competência no corpo a corpo. Forte no jogo
aéreo, demonstra também excelente controlo de bola, precisão e
potência de remate, qualidade às quais alia ainda atributos na
desmarcação e nas mudanças de velocidade. Pela negativa, há a
destacar o seu temperamento, que deverá com o passar dos meses ser
corrigido."