Realizou-se no passado dia 4, no ISMAI (Instituto Universitário da Maia), uma conferência organizada por alunos do mestrado de Gestão do Desporto intitulada “Futebol de Formação, que Futuro?”, a qual pudemos presenciar. Em clima de descontração, o professor universitário José Neto, Ricardo Ramos (principal responsável pela Dragon Force), Domingos Paciência, Israel Dionísio (treinador nas camadas jovens do FC Porto), Cândido Costa, Dimas e Bernardino Barros discutiram o atual cenário do futebol jovem português.
Ricardo Ramos deu o mote afirmando que “as crianças cada vez
têm menos tempo para se recriarem com bola, para se formarem naturalmente.
Deveriam, como antigamente acontecia, jogar em vários tipos de terreno, com
vários tipos de bola… Para compensar essa redução do tempo passado a jogar, a
formação em clubes deve começar cada vez mais cedo”.
Domingos Paciência acrescentou à conversa que “andamos a
fabricar jogadores em série, a limitar muito o crescimento do atleta. As
preocupações táticas atuais limitam essa evolução e cada vez se torna mais
difícil o aparecimento de jogadores desequilibradores… Não vamos ter um próximo
Cristiano Ronaldo. O método de trabalho tem de ser repensado”.
“Tudo isto é culpa do Barcelona”, na opinião de Israel
Dionísio; “todos querem pôr as suas equipas a jogar como o Barcelona”. Cândido
Costa participou em seguida de forma bastante pertinente, ao dizer que “hoje é
um bocado robotizar as crianças. São chamadas à atenção quando saem fora da
caixa. No meu tempo diziam ‘Cândido, joga como vagabundo, vai para cima do
adversário’. Hoje, ouço dizerem ao meu filho ‘isso não foi o movimento que treinámos...’”.
Em suma, debateu-se a falta de liberdade e criatividade do
jovem jogador atual e a brutal redução do tempo passado na rua a jogar, a
aprender, que faz com que os atletas sejam hoje cada vez menos dotados do ponto
de vista técnico. Uma pequena reflexão sobre aquilo que atualmente não está bem
em Portugal.