quarta-feira, 18 de março de 2015

Lyon volta a rugir


E assim, de forma quase sorrateira, ergue-se novamente na Ligue 1 uma potência moderna do futebol francês. O clube que em 2007/08 selou uma série de sete campeonatos consecutivos (os únicos da sua história) está na presente temporada mais próximo do que nunca de conquistar o oitavo. Considerando que os tempos mudaram e que há hoje equipas gaulesas com uma capacidade financeira nunca antes vista, os feitos do Lyon têm ainda mais relevância.

Na base deste afirmação dos gones está o Centro de Treinos Tola Vologe, prestigiada academia que produziu cerca de vinte (!) dos atuais elementos do plantel, além dos já famosos Karim Benzema ou Ludovic Giuly. Para além disso, o técnico Hubert Fournier, contratado no Verão ao Stade de Reims, demonstrou desde o início enorme habilidade para unir todas esta peças, transformando promessas em certezas.

Disposto num 4x4x2 losango, o Lyon apresenta um "onze-base" com dez jogadores possuidores de passaporte francês, dos quais sete são da casa. Desde logo na baliza, o internacional sub-21 português Anthony Lopes tem revelado nos últimos meses uma qualidade tremenda, prevendo-se que venha a ser indiscutível na equipa das quinas. À sua frente, Christophe Jallet e Henri Bedimo nas laterais, Samuel Umtiti e Milan Biševac ao centro compoem a segunda melhor defesa da prova.

No losango de meio-campo, o capitão Maxime Gonalons é o homem mais recuado e Corentin Tolisso e Jordan Ferri assumem-se como médios interiores, atrás do talentoso Yoann Gourcuff, que estabelece a ligação com a móvel frente de ataque. Aí, Alexandre Lacazette, melhor marcador da Ligue 1, e Nabil Fekir, disputado pelas seleções francesa e argelina, recolhem os louros do trabalho de toda a equipa.

Futebol pragmático, vertical e a poucos toques. Com poucas palavras se pode definir o estilo de jogo deste Lyon. A incessante procura dos dois avançados, que, ora se desmarcam nas costas da defesa, ora descem para pegar no jogo, é igualmente uma característica marcante do conjunto. No meio destas subidas e descidas, há não raras vezes movimentos de rutura de um dos médios, destacando-se sobretudo o "faz-tudo" Jordan Ferri, de vinte e três anos.

À esquerda, a largura é oferecida pelo maratonista Bedimo, sendo que à direita são habitualmente Ferri e/ou um dos atacantes que oferecem outras soluções, já que Jallet, ex-PSG, é um lateral marcadamente defensivo. Gonalons, por seu turno, permanece atrás, compensando subidas no terreno, recolhendo a bola e organizando o jogo.

A saída de jogo fica, preferencialmente, a cargo de um dos centrais de futuro da seleção gaulesa, Samuel Umtiti, que revela enorme facilidade nos capítulos do passe e do drible. Em termos defensivos, o Lyon é uma equipa igualmente pragmática, não tendo qualquer problema em pontapear de qualquer forma em situações de maior aperto, mas conseguindo também lançar venenosos e agressivos contra-ataques, nos quais se pode observar a capacidade de explosão de diversos atletas.

Da forma anteriormente descrita, os pupilos de Fournier têm conseguido superar os milionários da capital e o Marselha de Bielsa, provando que, com paciência e crença nos talentos da casa, é possível contornar as deficiências financeiras e ter sucesso. Embora não saibamos como termina a época, há muito que o Lyon já venceu. E com goleada.

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