E assim, de forma quase sorrateira,
ergue-se novamente na Ligue 1 uma potência moderna do futebol
francês. O clube que em 2007/08 selou uma série de sete campeonatos
consecutivos (os únicos da sua história) está na presente
temporada mais próximo do que nunca de conquistar o oitavo.
Considerando que os tempos mudaram e que há hoje equipas gaulesas
com uma capacidade financeira nunca antes vista, os feitos do Lyon
têm ainda mais relevância.
Na base deste afirmação dos gones
está o Centro de Treinos Tola
Vologe, prestigiada academia que produziu cerca de vinte (!) dos
atuais elementos do plantel, além dos já famosos Karim Benzema ou
Ludovic Giuly. Para além disso, o técnico Hubert Fournier,
contratado no Verão ao Stade de Reims, demonstrou desde o início
enorme habilidade para unir todas esta peças, transformando
promessas em certezas.
Disposto
num 4x4x2 losango, o Lyon apresenta um "onze-base" com dez
jogadores possuidores de passaporte francês, dos quais sete são da
casa. Desde logo na baliza, o internacional sub-21 português Anthony
Lopes tem revelado nos últimos meses uma qualidade tremenda,
prevendo-se que venha a ser indiscutível na equipa das quinas. À
sua frente, Christophe Jallet e Henri Bedimo nas laterais, Samuel
Umtiti e Milan Biševac
ao centro compoem a segunda melhor defesa da prova.
No
losango de meio-campo, o capitão Maxime Gonalons é o homem mais
recuado e Corentin Tolisso e Jordan Ferri assumem-se como médios
interiores, atrás do talentoso Yoann Gourcuff, que estabelece a
ligação com a móvel frente de ataque. Aí, Alexandre Lacazette,
melhor marcador da Ligue 1, e Nabil Fekir, disputado pelas seleções
francesa e argelina, recolhem os louros do trabalho de toda a equipa.
Futebol
pragmático, vertical e a poucos toques. Com poucas palavras se pode
definir o estilo de jogo deste Lyon. A incessante procura dos dois
avançados, que, ora se desmarcam nas costas da defesa, ora descem
para pegar no jogo, é igualmente uma característica marcante do
conjunto. No meio destas subidas e descidas, há não raras vezes
movimentos de rutura de um dos médios, destacando-se sobretudo o
"faz-tudo" Jordan Ferri, de vinte e três anos.
À
esquerda, a largura é oferecida pelo maratonista Bedimo, sendo que à
direita são habitualmente Ferri e/ou um dos atacantes que oferecem
outras soluções, já que Jallet, ex-PSG, é um lateral marcadamente
defensivo. Gonalons, por seu turno, permanece atrás, compensando
subidas no terreno, recolhendo a bola e organizando o jogo.
A
saída de jogo fica, preferencialmente, a cargo de um dos centrais de
futuro da seleção gaulesa, Samuel Umtiti, que revela enorme
facilidade nos capítulos do passe e do drible. Em termos defensivos,
o Lyon é uma equipa igualmente pragmática, não tendo qualquer
problema em pontapear de qualquer forma em situações de maior
aperto, mas conseguindo também lançar venenosos e agressivos
contra-ataques, nos quais se pode observar a capacidade de explosão
de diversos atletas.
Da
forma anteriormente descrita, os pupilos de Fournier têm conseguido
superar os milionários da capital e o Marselha de Bielsa, provando
que, com paciência e crença nos talentos da casa, é possível
contornar as deficiências financeiras e ter sucesso. Embora não
saibamos como termina a época, há muito que o Lyon já venceu. E
com goleada.