sexta-feira, 5 de setembro de 2014

Entrevista a Rúben Alfaiate (Oriental)



Jovens Promessas – Natural de Peniche, chegou ao Sport Lisboa e Benfica em 2009, na altura para cumprir o seu segundo ano no escalão de iniciados. Dois anos antes, os encarnados haviam também contratado o seu irmão gémeo Alexandre, hoje na equipa B. Consegue arranjar alguma explicação para o facto de os dois, um como guarda-redes e outro como defesa central, terem conseguido chegar à formação de um clube grande?


Rúben Alfaiate – Sim, é fácil. Sempre acreditámos no nosso valor técnico e como seres humanos. E sabíamos que podíamos chegar a um grande clube, juntando depois a bela família que temos e a sorte de termos sempre encontrado pessoas maravilhosas e disponíveis para continuar a ajudar-nos a crescer como jogadores. 

JP – Foram cinco os anos em que atuou pelos encarnados. Naturalmente, partilhou balneário com muitos outros atletas. Excluindo o seu irmão, a resposta mais provável, quem foi o jogador que mais o impressionou ao longo da sua estadia no Caixa Futebol Campus?

RA – O atleta que mais me impressionou, como pessoa e jogador, foi sem dúvida, e sem excluir os meus companheiros de geração, que são todos fantásticos, o [Bruno] Varela. Gostei muito de trabalhar com ele. Para além da ótima pessoa que é, consegue ter muita qualidade na baliza. 

JP – No Verão de 2013, quando se preparava para iniciar a última época da sua etapa de formação, acabou por sair do Benfica. Sentiu ou sente alguma mágoa por não ter chegado a sénior de águia ao peito?

RA – Não, de maneira nenhuma. Sei o quanto é difícil chegar à equipa principal do Benfica, que está entre as melhores do Mundo. A qualidade tem que ser imediata, para entrar na equipa A. Só tenho que agradecer os anos todos que lá passei, porque foram os anos em que aprendi mais em termos técnicos, em que fiz mais amigos e em que conheci as pessoas neste momento importantes na minha vida. O Benfica tem hoje as melhores condições em Portugal para um jogador se formar. Fui aliciado por um bom projecto e falei com Sr. Armando [Jorge Carneiro, diretor geral do Caixa Futebol Campus], que foi muito boa pessoa por me deixar sair. Respeitou muito a minha decisão depois de cinco anos ligado ao clube.

JP – Não foi o seu caso, é certo, mas que conselho daria aos jovens a quem todos os anos é mostrada a porta da saída? É certamente um momento devastador, tendo em conta os sonhos e os objetivos que cada um desses atletas tem...

RA – O conselho que dou é que olhem para eles e perguntem onde irão ter mais possibilidades de chegar ao topo em Portugal. E que façam uma autoavaliação para saberem onde têm que melhorar. Depois, trabalhar e nunca desistir, estar sempre nos limites. 

JP – Em seguida, assinou pelo Rio Ave Futebol Clube - Oficial. Como surgiu a oportunidade de se mudar para o Norte do país?

RA – Estava consciente de que muito dificilmente chegaria à equipa A e, numa conversa com o meu empresário, chegámos à conclusão de que tinha estagnado tecnicamente. Um guarda-redes de equipa grande não tem muitos problemas nos jogos. Muito jogo com os pés e pouca acção... Surgiu o convite e acabámos por aceitar. Foi difícil, mas teve que ser para eu melhorar como jogador. 

JP – Já mais recentemente, abandonou os vilacondenses. Por que motivo se deu o ponto final na ligação ao Rio Ave? Houve alguma abordagem do clube no sentido de o promover à equipa principal?

RA – Sim, eu fui para Rio Ave para ser terceiro guarda-redes da equipa A, enquanto jogava nos juniores. O meu último ano antes de subir oficialmente para sénior, sinceramente, não correu bem. Não estava preparado para a realidade do Rio Ave, um clube que joga à equipa grande e que trabalha muito bem na formação e na equipa A. Não tenho problemas em admitir que, individualmente, não foi uma boa experiência. Aprendi mais como reagir a problemas grandes do que aquilo que aprendi a nível técnico, mas deixo um agradecimento especial a todos e ao clube, porque sempre me trataram bem. 

JP – Há poucos dias, tornou-se guarda-redes do Clube Oriental de Lisboa - Página Oficial, que esta temporada disputa a Liga de Honra. Havia outras propostas em cima da mesa? Se sim, de que clube(s)? 

RA – Sinceramente, não havia convites. Muitas abordagens, mas nada de concreto. Já estava no Oriental a treinar há dois meses. Os papéis dos direitos de formação é que demoraram muito a ser enviados pelos clubes por onde passei...

JP – Imaginava-se a representar a entidade de Marvila? Por que razão optou por prosseguir a sua carreira no Oriental?

RA – Muito simples. Foi o clube que acreditou ao máximo nas minhas capacidades. Desde o inicio que se mostrou muito interessando. É um clube cumpridor com as pessoas e com todas as condições para se manter nas ligas profissionais durante muitos anos. É uma família humilde e autêntica, com pessoas humildes que trabalham muitos horas para dar as máximas condições aos jogadores. Não podia estar mais feliz com a minha decisão. 

JP – Quais são os seus objetivos para o presente ano desportivo? Considera que tem hipóteses de garantir a titularidade?

RA – Os meus objectivos para este ano também são muito simples: continuar a aperfeiçoar a minha técnica, juntamente com os meus grandes companheiros de baliza, e evoluir, porque sou muito novo, ainda há pouco tempo fiz dezanove anos, e sei que vai ser difícil jogar nesta primeira época como sénior. À minha frente estão dois grandes profissionais e seres humanos, que trabalham no máximo, e isso é muito bom porque me obriga a estar no meu máximo também.

JP – Como imagina a sua carreira daqui a dez anos?

RA – Imagino-me como titular do Oriental. Não esqueço a oportunidade que me deram e irei trabalhar ainda mais por este clube. São uma segunda família para mim. Estou feliz aqui nestes primeiros dois meses.

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